CAMINHOS PARA A PSICANÁLISE NO TERCEIRO MILÊNIO
Postado em 11/05/2012

CAMINHOS PARA A PSICANÁLISE NO TERCEIRO MILÊNIO

Já passaram 100 anos da Publicação de “A interpretação dos Sonhos” de Freud e foi logo depois de ter criado o termo “psicanálise”...

significando na época: (1) um método ou técnica para tratamento de afecções neuróticas e (2) uma ciência dos processos psíquicos inconscientes, ainda paira hoje uma preocupação da genialidade de Freud como sendo uma premonição dita em 1926: 

“No futuro provavelmente dar-se-á uma importância muito maior à psicanálise como ciência do INCONSCIENTE do que como procedimento terapêutico”.

Em 1901, Bergson podia falar de exploração de inconsciente como uma tarefa futura para a psicologia, e ele exprimia-se nestes termos: 

“Explorar o INCONSCIENTE, trabalhar no subsolo do espírito com métodos especialmente apropriados, tal será a tarefa principal da psicologia do século que começa”. 

Bergson foi um profeta, pois na trilha aberta pela psicanálise de FREUD em 1900 com a publicação de “A Interpretação dos Sonhos”, desvendando, descobrindo como Colombo novas terras, nunca antes exploradas. Muitos outros se lançaram na conquista do Inconsciente.

Antes de Freud, três filósofos já falavam sobre essas novas terras desconhecidas, embora já entre os pré-socráticos já pudéssemos sentir essa visão:

Primeiro foi SCHOPENHAUER, Arthur, 1788-1860, filósofo alemão, no seu livro “O mundo como vontade e representação” dizia: “O mundo, em sua essência, é Vontade...” e ainda acrescentava: “O Senhor é à vontade; o servo é o intelecto”, onde se origina esta observação paradoxal que “o homem pode ignorar os motivos verdadeiros de suas ações”. 

Antes dele CARUS, Carl-Gustav, médico alemão, 1789-1869: já afirmava “Existe uma região da vida da alma, onde realmente não penetra nunca nenhum raio de consciência: podemos chamá-la de Inconsciente Absoluto”... O mundo dos sonhos nasce “das idéias e dos sentimentos que, no momento desse mergulho no inconsciente, continuam a se expor e a emergir periodicamente”. E arrematava com esta frase: 

“O conhecimento da vida psíquica consciente tem sua chave na região do inconsciente”. 

Por último HARTMANN, C. E. Vom, 1842-1906, Filósofo alemão, escreveu FILOSOFIA DO INCONSCIENTE (1877): “O Inconsciente governa os sentimentos: o amor é uma vontade que procura sem consciência um determinado fim, o prazer. Existe um parentesco de funcionamento entre o inconsciente que produz a obra genial, e o inconsciente que guia nossos passos em nossas decisões...”. 

“A vida consciente inteira está sob a influência dominadora do psiquismo inconsciente”. 

E como se fosse pouco E. COLSENET na sua tese de psicologia, publicada em 1880, “Estudos sobre a vida subconsciente do espírito”, escrevia no início da obra: 

“Abaixo da superfície luminosa que se oferece à observação interior, estende-se uma região obscura e despercebida, povoada de fenômenos psicológicos, dos quais só compreendemos os últimos efeitos diversamente combinados e modificados... cada fato consciente mergulha suas raízes no inconsciente”.

Hoje, a velha preocupação de Freud de que “O Inconsciente” fosse objeto de pesquisa da psicanálise ficou esquecida. Talvez pela preocupação elitista e superestrutura da psicanálise acadêmica. Diante do silêncio das muitas escolas psicanalíticas surgiram vozes alternativas oriundas de várias terapias emergentes que hoje formam uma plêiade de opções diante da questão do Inconsciente. 

A história segue sempre sincronicamente o insight do seu gênio criador, mesmo que os seus discípulos se calem. É irreversível a realização da intuição do grande mestre.

Também já faz 100 anos (1912) que Jung publicou “Símbolos de Transformação da Libido”, abrindo um precipício entre ele e Freud. Mas Jung queria mergulhar mais fundo na pesquisa do continente desconhecido (ainda desconhecido até agora) chamado INCONSCIENTE. Para tanto precisava criar novos conceitos como “Inconsciente coletivo” e outros. Em 1913, Jung começa a escrever o seu livro mais misterioso: O Livro Vermelho, que veio à luz em 2009, após quase um século de mistérios e 50 anos após a morte do gênio. 

Nessas trilhas estreitas e sinuosas, hoje surge no mundo europeu a “Psicanálise Multifamiliar (Comunidade Terapêutica e Grupo Multifamiliar)”, após 60 anos de pesquisa e trabalho de Juan Garcia Badaracco. Este se ergue incólume apregoando frase como: “a necessidade da transferência psicótica” e afundando de vez conceitos como “psicanalise individual” e outros conceitos régios da escrita oficialista. 

A ANPC não poderia filiar-se a correntes partidárias oficialistas da psicanalise do poder. Hoje vivemos num tempo em que o social impera sobre o individual, o inconsciente comanda reconhecidamente o consciente (já não é apenas uma possibilidade). A Psicologia segue invicta e poderosa como a doutrina oficial, até porque necessariamente é uma ciência comprometida com a medicina fármaco – psiquiátrica. 

A pergunta é: O que aconteceu com os grandes e profundos estudos sobre o inconsciente, feitos por Freud, Adler, Stekel, Jung, para não citar os mestres filósofos citados acima. Seriam anacrônicos ou simplesmente os estudiosos construíram um grande viaduto que transpusesse o precipício inconsciente que cada vez mais ameaça explodir com a ponte artificial. 

Hoje falamos em Psicanalise Freudiana, Psicanalise com abordagem Junguiana, Psicanalise Lacaniana, Psicanalise Quântica, Psicanálise Filosófica, Psicanálise Prospectiva, Psicanálise Parapsicológica e agora Psicanálise Multifamiliar...e virão outros. É anátema? Ou é apenas a “maldição” da profecia feita pelo mestre vienense Freud ao dizer: “No futuro provavelmente dar-se-á uma importância muito maior à psicanálise como ciência do INCONSCIENTE do que como procedimento terapêutico”.

Poucos se atrevem a estudar o “inconsciente”, todos querem ser “psicanalistas”, mestres da terapia. O inconsciente cada vez mais abre seu “precipício” e lança sinais de da sua presença. O Livro Vermelho de Jung, batizado pelo New York Time como “O Santo Graal do Inconsciente” está aberta... e quem se atreve a mergulhar nele ou porque não dizer, no Inconsciente profundo, para descobrir o que CARUS, Carl-Gustav, médico alemão, 1789-1869, já afirmava “Existe uma região da vida da alma, onde realmente não penetra nunca nenhum raio de consciência: podemos chamá-la de Inconsciente Absoluto...Precisa-se de candidatos, estudiosos, pesquisadores que queiram penetrar nessa região obscura e lançar “luz”...e trazer conhecimentos e técnicas que possam acender a luz no fim do túnel...da humanidade.

OBS: Aqui, neste site, aceitamos ARTIGOS sobre a CIÊNCIA DO INCONSCIENTE que venha acrescentar conhecimentos avançados sobre o Tema.

Prof. Dionisio Fleitas Maidana

Filósofo – Psicanalista - Teólogo


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